28 de janeiro de 2011

Doutor Estranho Amor



Tantos amores se passaram por meus olhos
E eu continuo assim... vendendo a alma
Para comprar algo que eu desconheço.

Olhar para um futuro e enxergá-lo
É algo tão lindo como apreciar uma flor
Caindo no outono de suas vidas.

O futuro é nosso outono
O jardim que nos espera é desconhecido
Mas de onde estou vejo esperanças
Vejo amor e lembranças
Crio meu próprio fruto
Me protejo com minhas próprias pétalas
Exalo perfume inconfundível.

Não existe sofrimento
A não ser aquele que produzimos.
Estamos lado-a-lado e podemos continuar
Pra que pedir pra errar?
Sem levianismo. Sem medo do que está por vir.

Não sou criador de doenças.
Não sou detentor de curas.
Não crio poções contra a dor.
Não faço remédios de amor.

Apenas um monstro com poderes não controlados.
Um mágico que não tem noção de sua magia.
Uma flor voando, deixando o vento me arrastar.
Deixando a existência se expandir.
Apenas deixando estar.

Nascer à todo instante.
Ser um eterno amante.
Aquele mais importante.
Um jovem bobo errante.

O que dará atenção quando ninguém puder.
O que fará carinho quando precisar.
O que dirá poesias sem ser pedido.
O que voltará sempre arrependido.

Caos e harmonia são tão iguais.
Semelhantes como guerra e paz.
Eu quero entender todo esse momento.
Entender toda essa dor
Meditando em meu interior
Acho que posso entender...

A vida foi feita pra sofrer
Mas cabe a você escolher...

Ir contra seu destino.
Onde o amor é o maior ensino.
Tornar lapidada a pedra incerta.
Escolha apenas a pílula certa.



20 de janeiro de 2011

O Morador do Mundo


O Morador do Mundo

[16 de março de 2010]

I

Vem cá,

Deixa eu dizer

O mundo vai acabar

Todo mundo vai morrer.

E depois,

O que vai acontecer?

Sabe-se lá,

Eu não tenho idéia.

Vem, venha cá.

Leia essa verborréia.

Deixa eu te contar uma história

Em formato de prosa,

Não é sobre qualquer vitória

É só uma poesia carinhosa.

Abra o coração

Pois eu vou começar.

Cantarei essa canção

Como se fosse de ninar.



II

Estou na rua e todos passam por mim

Estou deitado e ninguém se importa

Estou cansado, mas não tenho alestrim

Ninguém se aproxima, sociedade absorta.

Sou igual a qualquer um,

Sou irmão, filho do mesmo Deus.

Ao meu lado uma garrafa de rum,

Pra esquecer dos problemas meus.

Não me julgue, senhor.

Você faria o mesmo.

O mundo me abandonou.

Fui atirado a esmo.

Só porque durmo no chão,

E pareço um porco-sujo,

Vocês ficam com a precaução,

Sou um infecto caramujo.

Não tenho culpa por ser morador

E escolher como casa o mundo

Sou apenas um apreciador

Nos escombros do orbe imundo.



III

Hoje chegou um homem, e veio falar comigo

Estranho, estranho. Há tempos não recebo visita.

Chegou com sorriso no rosto,

Estava bem vestido, era terno e gravata

Parecia adquirir um alto posto.

E então começo com sua bravata.

Disse que não poderia dormir ali,

Era um local de trabalho.

Como pode? Só queria cair,

Sou apenas um velho cangalho.

Ele não quis saber,

Fez de tudo pra me expulsar

Questionei, não fiz de responder,

Aquilo era o meu lugar.

Não podia ser expulso de casa

Era minha e de mais ninguém

Sentia que ele não entendia

Mas no fundo fazia até bem.

Sou pobre e abandonado

Pros meus amigos, perdi o valor.

Estou abjeto dilacerado.

Há anos só sinto dor.

Eu disse que daria uma voltas,

Iria conhecer outras ruas além da minha,

Mas de noite deitaria naquelas portas,

Pois sou ponto dentro da linha.


IV

Mundo grande, mundo cruel

Aonde perdi o anel?

Anel poderoso de imensidão

Aonde deixei meu coração?

As palavras... eu arruinei.

Amizade... não sei o que é.

A minha vida... eu já entreguei.

E você Deus... ainda tenho fé.

Tenho andado e enxergado tanto coisa.

Tanto sofrimento, tanta confusão.

Tenho medo de me pegar distraído.

E acordar sem mais minha visão.

Quero ver o sorriso da vida.

O arco-íris, resquícios de amor.

Quero ver a cura e a ferida.

Poder chorar com destemor.

Vejo rostos tão lindos e vontade de ser alguém.

Vejo falsidade em meio ao amém.

Vejo esperança em um mundo melhor.

Tenho medo de que fique pior.

Sou ingrato, admito. Reclamo até demais.

Faço pouco por todos, mas quero bem mais.

Sei que toda jornada, começa com um pequeno passo.

Sei o que sou, aonde estou, me sinto um lasso.

Mas isso não importa, continuo a caminhar,

A vida nos levar para onde devemos estar.

A noite sempre vira dia e o sol volta a nascer,

Façamos agora antes do nosso amanhecer.


V

Viver é isso. Caminhar em busca de conquistas.

Alguns passos são sozinhos, mas é mais fácil acompanhado,

Corra quando for preciso, procure aforistas,

Escolha os melhores para estarem juntos ao teu lado.



VI

Está de noite, o sono bate

Mas a vontade de dormir inexiste

Quero relatar as histórias do mundo

O mundo que assisto todo dia

A alegria de alguns,

Os sorrisos infantis,

A insatisfação dos transeuntes,

E o cantos desesperados.

É um leque de ações,

Um baralho farto de sentimentos,

Cartas inebriantes avantajadas,

Personagens de um filme que não pára,

É tudo ficcionalmente real.

Cada um seu o ator principal,

Sem intervalos ou corte pra repetir a cena,

É o agora e só.

Errar o roteiro não é uma boa pedida.

Fugir dele deixa o filme mais interessante.

Alguns scripts são drama, outros comédias.

Terror somos nós que produzimos.

Os homens maus estão soltos.

Ação pra que te quero?

Suspense pelo episódio de amanhã.

Se tiver... se tiver.

Nunca sabemos.

O diretor é que manda.

Alguns não acreditam nele.

Outros são fiéis.

E eu? O que sou?

Prefiro continuar a atuar.

E quando estou de bobeira,

Fico a filmar.

Gosto de assistir os outros

Estrelarem na realidade

Uma película sensacional.

Que alguns não percebem existir.

Todas histórias tem um final.

[15 de junho de 2010]

VII


Venho a todos pra gritar

Canções de amor

Ou gritos de dor

Apenas venho cantar

Falar pro ar

Estar por estar

Voar mesmo sem sair do chão

Não quero pedido de desculpas

Ou choros sem motivos

Não quero lembrar do passado

Ou ficar pensando no futuro

A vida é agora. Lembra.

Viva e não deixe viver.

Lembra.

Vou pro boteco

E encho o caneco

Vou pra estrada

E dou uma rodada

Caio na rua

Minha vida é sua.

Não preciso olhar pra longe

Pra ver que tudo que me rodeia

É mais meu do que do mundo

O mundo é meu

E de quem quiser

O mundo é nosso

Até onde puder.

Não deixe ninguém mentir pra você

Não deixe a vida mentir pra você

Não seja leviano

Seja humano

Apenas não deixe a vida passar.

Lembra.



VIII

Estou no chão

Cheio de frio

Cheio de vazio.

Estou no chão.

Congelado.

Deitado.

Olhando o tempo

Passar.

Estou no chão.

E de cá não saio.

É a minha casa.

E ninguém pode

Me tirar.

Estou no chão

Do universo

Das estrelas

Do sol

Do mundo

De tudo

Dentro de mim

E sou tudo isso

E mais do que isso

Sou Deus

E acredito nele.

Pois ele é tudo

E eu sou parte.

Parte de tudo.

Do todo.

E não irei

Desistir.



IX

Corre pra terra

Corre pro mar

Corre pra mim

Vem me contar

Conte-me histórias de amor

Faça me rir ao amanhecer

Conte-me histórias de terror

Cante uma canção para adormecer

Olhe pra mim com olhos puros

Seja sua voz mais sincera

E diga aquilo que todos querem ouvir

Diga mais de uma vez

Diga quantas vezes achar necessário

Apenas diga sem medo

E não pare de dizer

Enquanto não achar suficiente.

Não quero ir embora tão cedo

Quero marcar a vida de todos

Daqueles que amo

Mas diga antes d’eu partir

Mesmo que não seja uma despedida

Não perca a oportunidade

Faça-me a bondade

Diga pra eu não esquecer.

Me dê a mão e confie em mim.

Jogue fora os fantasmas do passado.

Deita aqui do meu lado

E vamos escrever um novo começo.

Pois só assim teremos um novo final.



13 de janeiro de 2011

O som da chuva não me deixa dormir

A chuva molha os olhos dos que não vêem
Cai a todo instante. Desmorona e vai além.
A chuva molha tudo que eles tem
Cai a todo instante. Desmorona e vai além.

O céu chora enquanto pode
E as lágrimas vão abaixo
O céu chora e não se contém
Vê os corpos afogados no forte riacho

Chove e chora. Chove e mata.
Não sabe o seu poder.
Age como criança que brinca.
Chora e chove. Chora de fome.

Fome poder bondade que não se vê
Fome por causa de tanta dor.
Fome de cansaço alimetando por carne
Isenta de qualquer amor

Bate e pára. Provoca e grita.
Corre rio de lágrimas
Corre rio divino.

O choro do monstro sagrado
Se mistura com o choro nosso
Criando um maremoto de angústias
Espremido com tanto remorso.

Não quero sair de casa
Estou com medo de trovão.
Minha casa foi destruída
Está espalhada pelo chão.
Olha a chuva vindo
No meio das nuvens o avião.
Acabou a luz
Onde está a salvação?

Deixa o copo cair
Não tem mais sentido
Viver é apenas um detalhe.
Eu só quero dormir em paz
Mas a chuva não me deixa
Uma correnteza de dor me invade.

11 de janeiro de 2011

O estranho ato de ser

E de todas a reflexões que podemos ter
Nunca conseguiremos nos satisfazer
De que somos algo muito além de nós
De nossa percepção. Ação. Invasão.

E assim queremos ser mais. Sem compreender.
Ambição. Ação. Invasão... de território
Desconhecido, maldito, tão nítido.

A tentativa eterna de ser o colosso
Ao invés de aceitar ser gigante
Agir por coração e não por uma razão
Que instiga a tudo mais, fogo fulgaz.
Sensçao forte mordaz. Jogue seu Ás.

Então corra pro lago, vigie os mortos
Que se levantam e apenas são.
Vivemos de medo e frustações
A vergonha de não ser o que queremos
Quando queremos muito mais
Do que apenas podemos. O que podemos?

Ser... sem sombra de dúvidas
Um deus regido por outro maior
Viver um confronto de deuses
Destino, tempo e silêncio.
A morte e todos seus amigos.

A poesia que nunca se cala
Perante a pobre alma imunda.
Ser revolucionário. Bancar o otário.
Escrever sem ter alguém pra ler
Mudar o mundo mudando primeiro você.

O que é estranho, jovem?
O que você quer ser?