1 de março de 2011

Pedaço & Furacão


.Entrego ao mundo esse pedaço de muita pouca coisa. Palavras sem sentido que eu espero que façam algum sentido pra alguém que procura um sentido e não consegue achar. Instrumento letal. Arma instigante. Vocábulos tocantes. Ou simplesmete nada. Eu não ligo quem vai ler, se vão ler, quando vão ler. O que me importa é tocar. Machucar. Curar. Ser a brisa. A ventania. O furacão.

.O furacão da vida incondicional. O furacão desesperado, corre pra todo lado, alcança a criança, joga ela no ar. A criança pensa que é herói. Ela está voando e esqueceu como chorar. Heróis não choram. Só os humanos. Pedaços de estremecimento corpóreo cintilante. Um suspiro, um movimento e a lágrima. Nem sempre de dor. Quase sempre sobre amor. Partido. Não correspondido. Indefinido. Mais-do-que-definido-porém-desordenado. Confuso. Distinto. Diferente. Amor entre a gente e não conseguimos compreender, a insurreição de nosso âmago que nos faz chorar. Criamos um lago emocional. Profundo e lacrimal. Furacão delirante. Sem início. Sem final.

.Aquele que chora na frente do espelho, sofre em dobro. Morre em dobro. Ao sentir seu sofrer e ao ver outro sofrer. Não adianta chorar? É claro que adianta. A gota quando cai no chão, provoca um terremoto no destino, evapora e nos faz ser nossa nuvem, passeando pelo céu de nossa existência. A existência que clama por existir. A existência que grita, desafina, desafia, afia, fala e sorri. Não é sempre como queremos. Mas podemos fazer nosso melhor. Se fosse fácil, seria menos prazeroso. Mas é tão difícil que chega ser doloroso. Paradoxo constante. Disputa eterna, até o último suspiro.

.Fugir e levantar de um abismo construído por nossos medos. Enfrentar as forças internas que sequer percebemos que existem. Voar como uma criança em um furacão. Vencer algo imaterial. Ser sua própria pedra fundamental. Criar sentido onde não tem. Longos passos, jornada, caminho, vida. Longos passos. Nada de deixar a vida mandar. A corrente é para ser quebrada. Mutilada. Espalhada pelo chão-de-todo-dia. A bolha precisa ser rompida. Aceitar não é o suficiente. Amar também não. É preciso ser antes de existir. Ser além de existir. Ser e nunca ‘dexistir’.

.O abismo me chama e eu grito lá do fundo, que não existe nada no mundo além da realidade que produzo. E eu quero que ela seja o melhor. Para todos. Mas eu não posso. É conflitante. Segmentos paralelos infinitos que viram perpendiculares, se unem e se transformam em um só.

.A minha vida é sua. Estarei aqui sempre que precisar. E quando eu deixar de existir, minhas palavras estarão aqui para ajudar. Assinado: A brisa que um dia se transformará em furacão.

Um comentário:

  1. Sentimentos em palavras que nunca poderão ser expressos em outro alguém a não ser o eu que os criou. Será? Mas eles são conectados com o Todo. O seu sofrimento é o meu sofrimento e vice-versa. Onde está o ponto que nos separamos?
    Não está, não tem. Então somos coletivos em nossos furacões.

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